quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Poema

lovisa ringborg rotwand

Alguma coisa onde tu parada
fosses depois das lágrimas uma ilha,
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva duma estrada

alguma coisa onde a tua mão
escrevesse cartas para chover
e eu partisse a fumar
e o fumo fosse para se ler

alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-lo passar na direcção dos rios

alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresse
para ouvir-te sonhar

Autor : António José Forte
 In Uma Faca nos Dentes

1 comentário:

LuísM Castanheira disse...

insondáveis os desejos no ar...
com uma porta pró mar.
abraço