domingo, 22 de agosto de 2010

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É sobre o rio que me vejo inteira e nua
debruçada sobre as pedras a lavar lençóis de mágoa
memórias desbotadas de gritos sem sentido
restos de sonhos que o tempo amarrotou.
É do rio que me vem com as marés
o cheiro a mar aberto a vento e chuva fria
que um dia me revolveu e encharcou
as asas com que já não sei voar como sabia.
É no rio que desaguo a raiva de ter sido
a ponte entre margens que não quis perder
perdulária do tempo da certeza
e me encontro de novo e nova em mim.
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Autor:Ana Oliveira http://pacodasartes.blogspot.com/
Foto:Olga Czerwinka

1 comentário:

Ana Oliveira disse...

Obrigada Beatrice

É um pouco estranho ver as minhas palavras ao lado das palavras de poetas que tanto admiro e junto dos quais me julgo indigna de figurar.

Um beijo