terça-feira, 13 de julho de 2010

As cidades Invisíveis


É o início das chuvas, o amor.

Encontramo-nos de acesos lábios,
mãos feridas de ruína,
e tremente solidão.

Passam fantasmas travestidos
de gente, – sombras, ilhas,
um breve par adolescente.

E todo o tempo é feito de cinza,
Outubro de um só dia
no céu da nossa vida.

São invisíveis, as cidades,
e até o anjo na hora de ponta
guarda seus olhos de nós:

Ninguém sabe, meu amor,
que só teu nome é uma ave
no final da minha voz.

Autor :João de Mancelos
In O Labor das Marés, Aveiro, Estante Editora, 1994.

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