sábado, 10 de abril de 2010

Querer-te é sentar-me na praça,




Querer-te é sentar-me na praça, logo de manhã,
só para te ver passar
Querer-te é os teus olhos, o teu sorriso cúmplice,
as tuas palavras
Querer-te é também não me veres, se por acaso
alguém está perto
Querer-te é haver sol e vento e estrelas. É o verde
das acácias e das palmeiras e as rosas de Jericó
alinhadas até à ponta das dunas
Querer-te é o castanho doce dos figos sobre a mesa,
as tâmaras, a voz da grande Kolthoum vinda de uma
janela num cântico apaixonado ao Nilo
Querer-te é haver noite - ah, sobretudo a noite! E é
o teu corpo nu, exausto, branco como um templo,
porque todos os corpos são um templo no solo
consagrado que há
Querer-te é o sorriso no rosto das crianças, o grácil
e dançante caminhar das mulheres, a fonte, as águas
Querer-te é tudo, até o meu desejo de te não querer

Autor:Victor Oliveira Mateus http://adispersapalavra.blogspot.com/
in Os Dias do Amor – um poema para cada dia do ano
Ministério dos Livros Editores

Foto:Ifrom http://plfoto.com/160374/autor.html

1 comentário:

Victor Oliveira Mateus disse...

... um poema de um livro de 2004, mas q insiste em continuar a falar.
Grato!