sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Rua Morta

É isso que me dói. Estares aí sentada.
Submissa. Isso ou não me desejares
e seres o país perdido.
Eu, ainda com o tambor vazio do revolver,
reconstruindo o silêncio
o toque no pátio do quartel
todos os dias à mesma hora
do outro lado da janela sem cortinas.
Eu, ainda à procura de uma rua morta.
Mário Contumélias
Sou Deste Mar
Pág.28

Foto:J.P.Sousa olhares com
(reeditado)

1 comentário:

LuísM Castanheira disse...

há vários toques diários no quartel...
e para estar sentada e submissa só pode ser o de recolher, na rua morta, sem a ver.
um poema que se eu o datasse, era pré-25 abril, e muito bom.